Adversária de prefeito morto deixa João Dias; TRE mantém eleição

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Adversária do prefeito morto em João Dias e candidata à Prefeitura nas eleições de 2024, a ex-prefeita Damária Jácome deixou a cidade nesta quarta-feira (28) e se colocou à disposição das autoridades responsáveis pela investigação. Além disso, a Polícia Civil do Rio Grande do Norte prendeu dois suspeitos de participarem da morte do prefeito Marcelo Oliveira (União Brasil). Outros 10 foram presos por porte e posse ilegal de armas. Entre os presos, está um dos irmãos do prefeito, que não é o presidente da Câmara, Jessé Oliveira. Conforme relatou o diretor da Divisão de Polícia do Oeste (DIVIPOE), delegado Alex Wagner, eles foram detidos para “evitar um derramamento de sangue na cidade”, que poderiam ser motivados por vingança.

“Diante dos lamentáveis acontecimentos, que exigem cautela com as informações, reafirmo o meu respeito pela vida humana e pela justiça, confiando plenamente nas autoridades e nos órgãos competentes para a investigação do caso”, escreveu a ex-prefeita Damária Jácome em publicação nas redes sociais.

Damária Jácome foi eleita vice-prefeita na chapa com Marcelo Oliveira em 2020. No entanto, ela perdeu o cargo após ser denunciada pelo Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN), em dezembro de 2022, em uma operação que apontava que o prefeito eleito era alvo do crime de extorsão praticado pelo núcleo familiar da vice. Ela e o pai, que era presidente da Câmara e também foi afastado, negaram as acusações.

Mais cedo nesta quarta-feira (28), a Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social (Sesed) deu detalhes das duas operações com prisões realizadas no Oeste do Estado. Entre os dez presos, estão três policiais militares, sendo dois do Rio Grande do Norte e um do Ceará. Não há informações de envolvimento deles no assassinato do prefeito.

“Evitamos um derramamento de sangue na cidade. O grupo, muito provavelmente, tentaria se vingar da morte do prefeito”, destacou o delegado Alex Wagner.

Confirmados como suspeitos de envolvimento no assassinato de Marcelo Oliveira estão um taxista e um passageiro. De acordo com o delegado Alex Wagner, o taxista, da cidade de Pau dos Ferros, estava auxiliando na logística da fuga dos criminosos. No momento da prisão, além do motorista, estavam no carro mais duas pessoas que fugiram para área de mata. A prisão ocorreu em Antônio Martins, que faz limite com a cidade de João Dias.

Questionado sobre os pedidos de segurança solicitados pelo prefeito antes do atentado que causou a sua morte, a Sesed afirmou que não houve nenhum ou registro de pedido formal de segurança na esfera estadual. “Não existe e nem existiu nenhum documento formalizado de pedido de segurança pessoal”, afirmou o coronel Araújo. Na esfera municipal, o comandante da PM na região do Alto Oeste, Nitoildo Dantas, reforçou a afirmação de Araújo, dizendo que não recebeu pedidos para fortalecer a segurança.

O titular da Segurança do RN, coronel Francisco Araújo, disse que a prisão dessas pessoas “evitou um mal maior, possivelmente até uma chacina na cidade”.

“O efetivo policial presente, tanto da Polícia Civil quanto da Polícia Militar, abordou esses dois veículos com pessoas fortemente armadas. Treze armas de fogo foram apreendidas, incluindo fuzis e outras armas de grande potência. A prisão dessas pessoas e a apreensão dessas armas evitaram um mal maior, possivelmente até uma chacina na cidade ou em outros locais”, disse o secretário.

Em relação à segurança das eleições, o secretário coronel Francisco Araújo garantiu maior efetivo com o incremento dos novos mil policiais militares formados que vão reforçar a segurança em todas as cidades do Rio Grande do Norte. O secretário também afirmou que houve um aumento do efetivo policial no município em 50%. De acordo com o titular da Sesed, havia seis policiais anteriormente na cidade e, no ano passado, foram inseridos mais três militares.

Quem
Marcelo Oliveira, na época filiado ao PP, foi eleito pela primeira vez em 2020 obtendo 50,86% dos votos válidos (1.366 votos no total). Em julho de 2021, Marcelo Oliveira chegou a renunciar ao cargo alegando ameaças por parte da família da vice-prefeita, Damária Jácome de Oliveira. Em outubro de 2022, a desembargadora Maria Zeneide Bezerra, da Segunda Câmara Cível, determinou o retorno imediato de Marcelo Oliveira ao cargo de prefeito de João Dias. A decisão da desembargadora atendeu a um pedido do prefeito que havia renunciado. No pedido apresentado pela defesa, é citado que o prefeito sofreu “coação moral irresistível consistente em ameaças de morte à sua pessoa e à sua família” e, por isso, havia deixado o cargo.

A ex-vice-prefeita chegou a ser denunciada pelo Ministério Público do RN (MPRN) por extorsão, sendo condenada em maio de 2023 a seis anos e quatro meses de reclusão e perda do cargo público ocupado.

Em contato com a assessoria jurídica de Damária Jácome, que é atual candidata à Prefeitura de João Dias, o advogado Leonardo Dias de Almeida pontuou: “recorremos porque entendemos que há prova da inocência de Damaria e que as acusações contra ela não se sustentaram após a instrução processual, portanto temos uma condenação injusta”, disse.

Tribuna do Norte.


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