Um mês depois, a dona de casa Aline dos Santos ainda tenta recomeçar a vida ao lado dos filhos. Afetada pelas enchentes na praia de Barreta, no início de julho, a mulher passou 15 dias abrigada em uma escola de Nísia Floresta, na Grande Natal, e recebeu doações de sofá, geladeira, colchões e roupas.
“Depois dos 15 dias a gente teve que desocupar a escola, porque as aulas tinham que voltar e a água tinha baixado, porque botaram umas bombas”, afirmou.
“Eu não durmo à noite quando chove, porque minha filha fica acordada, preocupada se a água vai entrar, como vamos sair de casa”, conta Aline.
Nísia Floresta é um dos 21 municípios em situação de emergência, segundo decreto do governo do Rio Grande do Norte. Do total, 17 tiveram a situação reconhecida pelo governo federal, segundo a Defesa Civil Nacional, e 16 já tiveram o envio de recursos aprovado. Seis planos ainda estão em análise.
O apoio de aproximadamente R$ 12,8 milhões aprovado deverá ser investido na recuperação de ruas e avenidas, combustíveis, doações de cestas básicas colchões, itens de higiene e limpeza.
Na maior parte das cidades, os alagamentos já passaram. Porém, 30 dias depois das enchentes, as ruas da praia de Barreta voltaram a encher de água, o que preocupa moradores, como o pedreiro João Batista, mais conhecido como Bigode.
“Cadê os órgãos competentes? Está aí a situação. Voltei para minha casa nessa situação. Para sair de casa, tenho que passar com água no joelho”, diz.
O prefeito de Nísia Floresta, Daniel Marinho, confirmou que todos os moradores desalojados já voltaram para suas casas. Os recursos voltados ao município (quase R$ 1,9 milhão) chegaram, mas a prefeitura afirma que ainda não teve acesso ao dinheiro por causa do trâmite burocrático no Banco do Brasil.
O prefeito também afirmou que tomou conhecimento de que as ruas da Praia de Barreta voltaram a alagar no último fim de semana, em volume menor, e disse que já começou a fazer a drenagem, limpeza das valas e desentupimento de bueiros, desde a segunda-feira (1º).
O Rio Grande do Norte teve, durante as enchentes de julho, 1.632 pessoas desabrigadas e 2.299 desalojados de suas casas. As cidades mais afetadas foram Canguaretama, Nísia Floresta, Touros e Natal.
“Esses municípios hoje já estão com os recursos ou no fundo de assistência, transferidos, ou em contas específicas no Banco do Brasil para executar tanto as ações humanitárias como as de restabelecimento”, afirma o coronel Marcos de Carvalho, coordenador da Defesa Civil Estadual.
O governo do Rio Grande do Norte se comprometeu em doar, dos recursos do tesouro estadual, R$ 1 mil por família, em parcela única do Programa Recomeçar. Ao todo, segundo o Executivo, foram destinados R$ 939 mil para famílias de sete municípios que aderiram ao programa.
“Dos 21 municípios que estão inseridos no decreto estadual, 13 estão em condição de receber esse benefício e, desses 13, sete já aderiram, porque é preciso que o município venha aderir a esse programa que se propõe a auxiliar essa população desalojada e desabrigada”, diz o coordenador da Defesa Civil.
G1RN.