Pressionado sobre Denúncias de propina, Ministro da Educação Milton Ribeiro pede demissão

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Acossado por uma série de denúncias de envolvimento com esquema de corrupção operado por pastores no Ministério da Educação, o ministro Milton Ribeiro pediu demissão do cargo. A saída ocorre dez dias após a publicação da primeira de uma série de reportagens do Estadão que revelou a atuação do gabinete paralelo do MEC com cobrança de propina até mesmo em barra de ouro em troca da liberação de recursos para escolas. É o quarto ministro da Pasta a deixar o governo.

O presidente Jair Bolsonaro, que há três dias disse que colocava “a cara do fogo” pelo ministro, nesta segunda-feira (28), aceitou o pedido de demissão após o Estadão revelar que em solenidade do MEC foram entregues Bíblias com a foto do ministro impressa. A informação provocou reação dos evangélicos que não aceitaram o uso do livro religioso como promoção. 

“É vergonhoso ver um pastor misturar o sagrado com o profano. Nós evangélicos não aceitamos mistura da igreja com o Estado. Essa atitude é totalmente reprovada, a Igreja é muito maior do que a política”, afirmou o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), presidente da Frente Parlamentar Evangélica, criticou o ministro.

Milton Ribeiro em Salinópolis

Aliado de Bolsonaro, o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, foi mais duro. “VERGONHA TOTAL !”, escreveu em letras maiúsculas em sua rede social. “Ministro da educação em foto como a esposa em Bíblia de pastor lobista do MEC. Tem que ser demitido para nunca mais voltar”.

Também integrante da bancada evangélica, o deputado Marco Feliciano (PL-SP) já havia cobrado o governo na semana passada para tirar Milton Ribeiro do cargo de ministro da Educação. “Ele é o alvo, se cai esse ministro, põe outro, acabou o problema. Enquanto ele permanecer, vão cutucar e vai sair mais coisa. Tem que ser feita alguma coisa rápido”, disse ao Estadão.

Segundo especialistas em direito público, a distribuição de Bíblicas com a foto do ministro pode configurar possível crime de promoção pessoal. Prefeitos relataram que a compra das Bíblias seria parte da propina a ser paga para garantir a presença do ministro em eventos em suas cidades.

Na carta de demissão entregue a Bolsonaro, Ribeiro disse que as reportagens revelando corrupção na sua pasta “provocaram uma grande transformação em sua vida”. “Tenho plena convicção que jamais realizei um único ato de gestão na minha pasta que não fosse pautado pela correção, pela probidade e pelo compromisso com o erário. As suspeitas de que uma pessoa, próxima a mim, poderia estar cometendo atos irregulares devem ser investigadas com profundidade”, escreveu o ministro. Ribeiro deixou o cargo dizendo estar “de coração partido”. A exoneração “a pedido” do ministro foi publicada em edição extra do Diário Oficial desta segunda.

Tribuna do Norte.


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