A pacata Riacho de Santana, na região do Alto Oeste do Rio Grande do Norte, tem pouco mais de 4 mil habitantes e uma filha ilustre. Jogadora da seleção brasileira de futebol, Antonia Silva, de 29 anos, saiu da cidade para ganhar os campos do mundo, mas ainda mantém suas raízes no município localizado há cerca de 420 km de Natal.
Com o destaque da jogadora nos gramados da Copa do Mundo, a família pretende abrir à visitação pública o acervo de medalhas, troféus e camisas pelos clubes nos quais a jogadora atuou.
A ideia foi do irmão Roniédson Silva, de 34 anos, que mora em Riacho de Santana. O acervo está guardado em uma sala de construída pela família e, segundo dele, deve ser aberto ao público até o fim do ano.
“Há tempos eu vinha pensando, mas depois do título da Copa América eu tirei do papel. Ano passado a gente terminou a construção (da sala) e começou a trazer as coisas dela, que estavam em São Paulo. A gente pretende abrir até o fim do ano”, conta.
De acordo com ele, a família também sonha em promover um projeto para incentivar o futebol feminino na cidade. “O objetivo é promover novos talentos. Às vezes só falta oportunidades para as meninas. Para os meninos tem mais”, considerou.
O acervo fica ao lado da casa onde Antônia nasceu e deu os primeiros toques na bola. No espaço também há chuteiras usadas pela jogadora e até as súmulas das partidas finais do Jogos Escolares do Rio Grande do Norte (Jerns), dos quais ela foi campeã em 2007 e 2008, no futsal.
Não muito longo do imóvel, está a quadra de futsal onde ela jogava bola diariamente. A estrutura foi transformada em um ginásio, nos últimos anos.
“Todo dia eu tinha que vir buscar ela, para ela ir para a escola. Ela sempre estava aqui”, relata o irmão.
Treinador de Antonia nos tempos de escola, Jandeilmo Cleidson, o Cleidão, foi quem ajudou a família a conseguir as súmulas das finais dos Jerns. Ele considera que Antonia tem um talento nato para o esporte.
“É uma emoção indescritível. A cada momento em que ela aparece, em que ela toca na bola, a gente fica arrepiado, lembrando que a gente esteve com ela na beirada de quadra. Ver ela hoje nessa projeção, hoje ela é uma estrela do futebol nacional, é algo que não cabe em palavras”, considerou.
“A forma de se movimentar, a leitura de jogo, nisso ela sempre foi diferenciada, desde quando jogava aqui com a gente aos 13 anos de idade”, apontou.
Não foi só o nome que mudou
Durante a Copa do Mundo, a cidade decretou ponto facultativo nos dias de jogos da seleção brasileira. Riacho de Santana mudou até o nome. A estrutura montada pela prefeitura no mercado público da cidade, para transmissão dos jogos em telão apresenta uma nova identidade ao município: “Riacho de Antonia”.
Antonia, inclusive, ainda é um nome pouco usual para os amigos de infância da jogadora. Na cidade, ela era mais conhecida pelo segundo nome: Ronnycleide. “O nome Antônia, ela só começou a usar depois que saiu do futsal para o futebol”, relata o irmão.
G1RN.